segunda-feira, 25 de julho de 2011

Autorização para os alunos participarem do evento

AUTORIZAÇÃO



Autorizo o (a) aluno (a) ............................................................................................ a participar do  Ciclo de Seminários sobre os 400 anos de São Luis a realizar-se no Palácio Cristo Rei na Praça Gonçalves Dias no dia 28 de julho deste ano  organizado pelo Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, onde ao (a) mesmo (a) apresentará trabalho de pesquisa da Disciplina História sob a responsabilidade da Profa. Ana Paula dos Santos Reinaldo.

São Luis, 25 de julho de 2011-07-25
......................................................................

quinta-feira, 21 de julho de 2011

TRABALHO DE HST-FUNDAÇÃO DE SÃO LUÍS-luana martins, ranielle das neves e barbara noeme

                                                  
                                                       Fundação de São Luís-Praia Grande

Trabalho de hst- t:202 Luana Martins Ranniele das Neves e Barbara Noeme


São Luís é a capital do estado do Maranhão. Apesar de fundada pelos franceses, foram os portugueses que deixaram na ilha uma genuína cidade colonial lusa, adaptada às condições de vida dos trópicos.

Trabalho de hst-t:202 Luana Martins, Ranielle das Neves e Barbara Noeme

segunda-feira, 18 de julho de 2011



ATIVIDADE AVALIATIVA MENSAL 2º BIMESTRE



Centro de Ensino Liceu Maranhense
Avaliação Mensal 2º Bimestre Disciplina História Serie 2ºCI

Roteiro para desenvolvimento do Trabalho sobre Historia do Maranhão

A utilização dos meios tecnológicos na Escola representa um papel significativo no processo ensino-aprendizagem, ajudando a criar ambientes descentralizados, tornando o aluno construtor de conhecimento. A Internet possibilita, atualmente através de sua utilização não apenas sermos meros expectadores, mas doravante autores. A criação da mesma representa uma forma inovadora de comunicação, interligando milhões de pessoas de forma instantânea e possibilitando a troca de informações, de forma rápida e conveniente.
Os blogs surgem no campo educativo, como uma ferramenta pedagógica, promovendo grupos de discussões interativos, onde o diálogo é apresentado através do hipertexto, diários de bordo, portfólios, dentre outras possibilidades de acordo com a temática.
O ensino de História possibilita, nessa perspectiva, o fornecimento de conceitos que facilitam a compreensão do mundo, contribuindo para a formação de cidadãos críticos de sua realidade social e política. Após o conteúdo trabalhado em sala de aula sobre:
·         Fundação de São Luís 1612
·         Relações sociais-econômicas e religiosas entre nativos jesuítas e europeus
·         Batalha de Guaxenduba 1615
·         Expulsão dos franceses
·         O protestantismo de La Ravarvadiere
·         Colonização portuguesa
·         Lenda de Nossa Senhora da Vitória
·         Lenda de São Sebastião, União Ibérica 1580-1640
·         Invasão dos holandeses e seu protestantismo 1640-1642
·         Riquezas extrativistas e etc.
Desenvolva seu trabalho individual ou equipe, tendo como tema um dos assuntos exposto acima, remetendo-o através de relações comparativas, a Idade Contemporânea, utilizando os seguintes meios:
·         Imagens, fotos, vídeos de até 10 minutos, utilizando seu celular ou máquina digital que envolva os conteúdos acima;
·         Músicas, poesias, poemas, parlendas e estórias próprias que envolvam os conteúdos acima;
·         Entrevistas, que envolvam os conteúdos acima;
·         Power Point, que envolva o conteúdo acima.
Desenvolver a curiosidade tecnológica, incentivando o aluno a buscar diferentes linguagens de comunicação dentro do âmbito escolar, além de ser participante da construção da história de nossa cidade, esse é o objetivo dessa atividade Avaliativa direcionada para o 2º Bimestre, nota Mensal.
Período de entrega: Mês de julho através do Blog Construindo a História ou através de CD, na 1º semana de agosto, impreterivelmente. Apostila de Maranhão no fotocopiadora da escola ou através de pesquisas via Internet. O trabalho deve ser construído pelos alunos, e não recortado e copiado da Internet, pois o plágio acarretará em uma prova com 10 questões sobre todos os assuntos de MA trabalhados em sala de aula.
Professora Ana Paula Reinaldo e-mail: anapaulaverde@ibest.com (para dúvidas).

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A carta de Felipe III ao governador-geral do Brasil D. Gaspar de Souza

A carta fala sobre um território (que seria o Maranhão), que estava sob o dominio dos Franceses.Ela relata que ao chegarem(os Portugueses), encontram uma nau Francese de 400 toneladas;que pelejando contra Jerônimo de Alburquerque e Diôgo de Campos,acaba com a matança de mais de 115 Franceses. Felipe III, demonstrava muito interece no Maranhão e por isso não desejava ceder aos Franceses, que já habitavam aqui por 3 anos e já conheciam a região muito bem. O desfeche da hitória é resumida em mortes e na expulsão dos Franceses. De:Gleyson Lima;João Pedro Augusto e Jefferson Morais Turma:202/matutino. Data:29-06-2011

quarta-feira, 13 de abril de 2011

CARTA DO REI FELIPE III DA ESPANHA AO GOVERNADOR-GERAL DO BRASIL D. GASPAR DE SOUZA (trechos)

Gaspar de Souza, governador amigo: Eu El Rei vos envio muito saudar! Há poucos dias que o Capitão Diogo de Campos Moreno, que em companhia de Jeronimo de Abuquerque havia ido ao descobrimento das terras do rio Maranhão, na armada que em setembro do ano passado enviastes àquela empresa, chegou a Lisboa com um francês em sua companhia mandados ambos por Jerônimo de Albuquerque, e da sua relação e dos papéis que trouxe, tenho entendido que partindo do Rio Grande (do Norte) a cinco de setembro com trezentos portugueses de mar e guerra, e 220 índios, chegaram ao Pereia, primeira barra do Maranhão em 14 de outubro e entrando dentro tomaram terra defronte da Ilha Grande, donde se dizia que estavam os franceses e que estando já quase fortificados no sítio que tinham escolhido, foram cometidos de uma nau francesa de 400 toneladas e outros muitos navios redondos que lhe tomaram a barra e três embarcações que estavam despejadas, e depois a 19 de novembro vieram os franceses com maior poder e lançaram em 2.500 índios frecheiros e duzentos soldados franceses com os quais pelejaram Jerônimo de Albuquerque e Diogo de Campos Moreno, divididos em dois corpos e os romperam, e lançaram do campo com morte de 115 franceses e muita parte dos índios havendo faltado somente dez portugueses. Depois se moveu pratica de tréguas de parte a parte, e se assentaram por todo o mês de dezembro para, entretanto, me dar conta, e a El Rei de França, a se aguardar resposta de como se havia de proceder, e a solicitá-la vieram a Lisboa Diogo de Campos Moreno e um capitão francês, partindo no mesmo tempo para a França o capitão Fragoso de Albuquerque com dois franceses. Consta também da dita relação e papéis, que passa de três anos que os franceses residem naquelas partes e têm feito alguns fortes, e um mosteiro de frades capuchinhos, e reduzido a sua amizade muitas castas de gentios da terra e que haviam navegado pelo rio acima mais de 300 léguas, e tinham por general o senhor de La Ravardière com título de vice-rei, ao qual se concederam as tréguas por se acharem Jerônimo de Albuquerque e os da sua companhia com grande falta de mantimentos, e sem e nenhuma esperança de socorro. Havendo-se considerado tudo que fica referido com a particular atenção que a qualidade da matéria requer pelo muito que importa à reputação de meu serviço e à conservação desse estado, e dos da Nova Espanha e do Peru, lançar os franceses de todo aquele sítio antes que cresçam em forças, e se dificulte mais o remédio, me pareceu mandar-vos despachar logo este navio com o aviso de sucesso que teve Jerônimo d’Albuquerque (de que se entende que por outra via não podereis ter notícia), encomendar-vos e mandar-vos (como o faço) que tanto que receberdes esta carta, sem mostrar nem dar a entender a pessoa alguma que tendes para isso ordem minha, antes que o fazeis em execução da que quando foste destes reinos se vos havia dado para o descobrimento daquele rio e terras e por vos faltarem novas do estado em que se acha Jerônimo de Albuquerque, ajunteis o maior número de gente, navios e artilharia que deste estado se puderem tirar e embarcando-vos logo sem embargo de quaisquer dúvidas e dificuldades eu se vos ofereçam, vedes em pessoa em todo o caso ao Maranhão porque com vossa presença confio que se acabará aquela empresa que é a maior e mais importante que de presente se podia oferecer, e conforme a isto julgareis que vos hei de agradecer o serviço que nisto me fizerdes. Com os franceses rompereis logo a guerra sem fazer cão das trégua assentadas por Jerônimo de Albuquerque procurando lançá-los de todos os sítios e fortes que têm ocupado sem perder uma hora de tempo, de maneira que indo-lhes socorro de França (que se é de presumir que se lhes enviara tanto que lá chegasse aviso do estado em que ficavam) não seja de efeito e procurando assentar amizade e boa correspondência com os índios, ordenareis ali o fortes que vos parecerem necessários com gente bastante para as defesa e benefício das terras, e para que tornando os franceses não sejam admitidos dos naturais e achem a resistência que convém. Para despesas que se hão de fazer na jornada vós leveis do dinheiro mais pronto que houver nesse estado, que por qualquer via pertença a minha fazenda, sem embargo das ordens que em contrário até agora são dadas, que por esta vez hei por bem de revogar, e posto que seja procedido de junta de (ilegível) e para poderdes fazer assim sem que quebrardes o segredo da ordem que vos dou para a jornada, se vos envia com esta carta a provisão que recebereis juntamente e, não bastando para tudo o direito que houver, o tomareis por empréstimo de qualquer parte, de modo que por falta dele não haja no efeito da jornada. Também se vos enviarão as armas e munições que poderá levar o navio em que vai esta carta, e se irá mandando socorro delas e de gente no mais que depois partirem, para que assim se supra o que houverdes levado ao Maranhão nas partes onde se houver tirado. Com vos encarregar aquela empresa e ter por certo que procedereis nela com o valor e zelo de meu serviço que de vós devo esperar, deponho o cuidado que me poderá obrigar, e de novo vos encomendo a breve execução que totalmente consiste o bom sucesso que se pretende. Quando por algum forçoso e justo impedimento não puderdes fazer a jornada em pessoa, enviareis nela por capitão-mor a Alexandre de Moura, e lhe dareis em todo segredo a ordem referida nesta carta e as mais que vos parecerem necessárias. Nota: Para não cansar o leitor, preferimos reproduzir apenas parte dessa longa carta do rei Felipe III a Gaspar de Souza, citando as partes mais expressivas. Para facilitar a leitura, modernizamos a grafia, tentando conservar o máximo de originalidade do documento. Os interessados poderão estudar o longo texto original e completo na publicação da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrmentos Portugueses, 2001. Na citada publicação acima mencionada consta também interessante apresentação de Evaldo Cabral de Mello sobre Gaspar de Souza, que reproduzimos em parte para maior informação dos leitores sobre esse notável personagem. Escreveu o ilustre historiador: Gaspar de Souza, que pelo lado materno era um Távora, começou sua carreira como um pajem de D. Duarte, irmão mais moço de D. João III. Feito prisioneiro em Alcácer Quibir, foi resgatado, regressando ao reino, onde Felipe I o fez moço fidalgo e depois fidalgo-escudeiro. [...] Participou de combates navais nos Açores contra a frota francesa e posteriormente da Invencível Armada, no posto de capitão da gente portuguesa, quando se terá distinguido tanto que El-Rei lhe fez novas mercês [...]. em 1590 obteve a capitania da fortaleza de Malaca por três anos e a concessão de viagem à China, que repassou a terceiro. Em 1612 é distinguido com o governo-geral do Brasil. [...] Frei Vicente do Salvador narrou que ele ao chegar à capital “não esperou que o fossem receber com pálio e solenidade, mas secretamente, com um só criado, foi se meter em casa”. [...] Achava-se apenas há quatro meses em Salvador quando teve de regressar a Pernambuco em decorrência da ordem régia que o mandava seguir para o Maranhão, a fim de organizar a terra recentemente conquistada aos franceses. [...] Concluído o triênio brasileiro, Gaspar teve autorização para regressar ao reino. Não deixou de todo, porém, a vida pública. Em 1619 participou das cortes de Tomar e nos anos seguintes teve sua opinião solicitada sobre “coisas tocantes ao Brasil”. Tão relevantes foram julgados os seus serviços que foi premiado com a capitania do juro e herdade do Maranhão (1622). Segundo Varnhagen, de Gaspar de Souza e Alexandre de Moura teria partido a sugestão, endossada pela Coroa, de erigir o Maranhão-Pará em estado separado do Brasil. (Publicado na revista do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, volume 51, Recife, 1979, p. 243, seguintes).

segunda-feira, 21 de março de 2011

Relata a chegada de Pero Vaz de Caminha na terra nova, que mais tarde seria nomeada de Brasil.Na Carta , Vaz de Caminha pede desculpa á Alteza pela maneira inadequada em que se expressa, e diz que não irá acrescentar e nem retirar nada do que foi visto.Logo em seguida começa a narrar sua viagem, que teve partida em Belém, no dia 9 de março , numa segunda-feira .E no dia 21 de Abril , avistaram terra, e descreve sua visão primeiramentecomo um grande monte, muito alto e redondo, e de outras serras mais baixas ao sul dele, de terra chã com grandes arvoredos a qual foi nomeado pelo capitão como Monte Pascoal e a terra de Vera Cruz .

Alunas: Angela Rodrigues;Bruna Moura;Dayane;Ana amélia; Fabíola Nassar Turma : 201

Carta de Pero Vaz de Caminha



Pero V. de Caminha escreveu essa carta com o propósito de relatar a chegada dos europes ao Brasil. Nessa carta ele tenta descrever com a maior verossilhança possível, o jeito de ser dos nativos (povo encontrado aqui no brasil.).
No primeiro momento ele fica espantado com os costumes indígenas, como o fato deles não usarem roupas; se surpreendem por não dotarem de sua mesma religião e acabam usando a inocêcia dos nativos para tentar catequizá-los. Depois de um certo tempo acabam ganhando a confiança dos nativos e começam a fazer trocas de objetos e de cultura.
Os nativos acabaram por revelar a presença de ouro e prata em suas terras, fazendo despertar ainda mais o interresse dos européus que já se diziam atraídos pelas belezas e diversidade dessas terras.

domingo, 20 de março de 2011

Pero Vaz de Caminha relatou ao rei da forma mais clara possível o que foi encontrado na nova terra.

Na sua chegada olhou homens nus, no qual ficou espantado por não cobrirem suas “vergonhas”.

Ao decorrer dos dias em que os portugueses passaram na nova terra, ganharam à confiança dos índios, o que foi fácil já que portavam de tamanha inocência e não viam suas reais intenções. Os índios sem saber mostravam-lhe as riquezas ali existentes que posteriormente seriam exploradas inconsequentemente.

sábado, 12 de março de 2011

Da ''carta'' de Pero Vaz de Caminho (1° maio de 1500).

Em 1500, numa expedição liderada por Pedro Álvares Cabral os portugueses chegaram ao Brasil e logo se depararam com um povo de características diferentes das suas, que equivocadamente os denominaram índios, por apresentarem características semelhantes à população da Índia.
Pero Vaz de Caminha foi um escrivão responsável pela descrição do ''achado'' em terras brasileiras por meio de uma carta ai réu Dom Manuel. Em uma de suas colocações ele ressalva o estranho modo de nudez apresentado pelo o povo apenas acompanhado por uma extraordinária pintura, além do interesse em trocas seus arcos e setas por carapuças e outras coisas lhes dadas.
Em síntese Pero Vaz de Caminha não só percebe a fácil interação indígena com os desconhecidos, mas também a inocência que o povo tinha em mostrar o corpo descoberto como se fosse o próprio rosto.  
- '' Ele só não disse se eles pegavam as indígenas... hahaha, com certeza ! ''

quarta-feira, 9 de março de 2011

Carta de pero vaz de caminha

 Este é o documento que relata a realeza desde a embarcação até as impressões da terra nova que mais tarde viria a ser chamada de Brasil, os primeiros acontecimentos com os nativos também são relatados, acontecimentos estes curiosos, como era de se esperar, os índios não gostavam da comida que os europeus traziam a eles "Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela" era tudo muito novo para ambos e Pero Vaz trata de registrar ricamente nada mais do que aquilo que o aconteceu.

Nesta carta também é dito que até dado o momento ainda não haviam encontrado riquezas "se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimo a terra não há riquezas" contudo trata de elogiar a terra, o clima e os rios.

Este documento rico é importatíssimo pois logicamente dentre outros motivos é o primeiro documento escrito da historia do Brasil sendo, portanto, um importante marco considera inicial da obra literária no país.

              
"Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500".

sábado, 5 de março de 2011

A carta de Pero Vaz de Caminha

No encontro dos portugueses com os nativos,houve ali uma troca de informações indiretas,com cuidado,os nativos levavam coisas e traziam outras e sem mesmo se tocar trocavam mantimentos.Nicolau Coelho levava cascaveis e maninhas.Uns davam um cascavel e outros uma maninha de forma que quase se davam as mãos.Nos davam arcos e flechas em troca de sombreiros e outros objetos que nós queriamos dar.Muitos traziam seus beiços perfurados por ossos e alguns também se pintavam e apenas deixavam aparecer metade da propria cor e a outra metade usavam uma tinta maio preta,meio azulada.                                                                                                                                                 

sexta-feira, 4 de março de 2011

Pero Vaz de caminha; a descoberta de um novo país

A história da Literatura Brasileira inicia-se em 1500, com A Carta, de Pero Vaz de Caminha.
Pero Vaz de Caminha, com sua Carta de descoberta, dirigida a Dom Manuel, quem produz a primeira obra literária no Brasil. A Carta não apenas um relata o descobrimento, descreve os primeiros contatos com a terra e com seus habitantes, tudo é descrito, até mesmo as mínimas providências tomadas pela frota de Cabral.
Caminha não se contentou em fazer um relato frio e impessoal sobre a terra descoberta no Atlântico Sul. Deixa aflorar em seu íntimo a pena de um literato. Fala com entusiasmo da terra, dos habitantes, da fauna e flora. Há nas palavras escritas de Caminha um espírito ufanista que até hoje, 500 anos depois, paira em nossas cabeças.
Vamos ler alguns destaques da Carta escrita no dia primeiro de maio de 1500 por Pero Vaz de Caminha a Dom Manuel e reescrito aqui por Silvio Castro.
Destaques da carta
Os índios
“A feição deles é parda, algo avermelhada; de bons rostos e bons narizes. Em geral são bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Não fazem o menor caso de cobrir ou mostrar suas vergonhas, e nisso são tão inocentes como quando mostram o rosto. [...]’’
“Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta, mais que verdadeiramente de leve, de boa grandeza e, todavia, raspado por cima das orelhas.’’
CASTRO, Silvio. A Carta de pero Vaz de caminha.
Uma terra paradisíaca
“Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste ponto temos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas por costa. Tem, ao longo do mar, em algumas partes, grandes barreiras, algumas vermelhas, outras brancas; e a terra por cima é toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é tudo praia redonda, muito chã e muito formosa. [...]
 Águas são muitas e infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo aproveitá-la, tudo dará nela, por causa das águas que tem.”
CASTRO, Silvio. A Carta de pero Vaz de caminha.
Outro aspecto importante é que, já na carta de Caminha, começou a ser formada uma imagem do Brasil como uma terra paradisíaca, incomparavelmente bela. Essa fecundará toda a literatura Brasileira a partir do Romantismo.
Dynejane de Jesus Valois Lima; Turma: 204;  Turno: Matutino

quinta-feira, 3 de março de 2011

Resumo - Parte I


O relato de Pero Vaz de Caminha se inicia retratando, à Realeza, a chegada do europeu a terra nova. Neste, ele descreve minuciosamente datas, espaços e características de sua busca pelas supostas riquezas existentes em outras terras, afirmando colocar apenas o que foi visto e não o que lhe pareceu ser.
Pero Vaz começa descrevendo sua partida de Belém à ilha de Nicolau (trajetória já prevista pelo piloto) e de seu desencontro com uma das Naus.
Após tal feito e não a encontrando, seguem viagem até ao encontro de um monte. Que segundo os navegantes, era “muito alto e redondo”.  O monte que descrevera, foi chamado de Monte Pascal. Mas há afirmações também de outras serras mais baixas, chamada de Terra de Vera Cruz.

Amanda Cristina, Amanda Laryssa e Mathews Chagas. Turma 202 Matutino.

A carta de Pero Vaz de Caminha (parte 12)

Vemos que ao escrever a carta, Pero Vaz de Caminha descreve, em detalhes a terra encontrara, fala os pontos os quias admirou, fazendo assim com que o Rei de Portugal, com as características, pudesse perceber o quanto a terra era formosa. Apesar de que até aquele presente momento eles ainda não sabiam se havia ouro ou prata na terra que encontraram.
Apesar de após uma boa vista, olharam um "fruto" a ser retirado e salvo, ou seja, pessoas, contudo essa situação ficou a vontade do rei, pois a decisão a ser tomada seria dele, por que todos estavam a sua disposição.
Ao fim da carta, ele faz um comentário de seu serviço e assim pede para que sua vontade seja acatada, pois tem muito gosto a seu serviço.



quarta-feira, 2 de março de 2011

Carta de Pero Vaz de Caminha.Era uma carta muito antiga, que narra o encontro de duas civilizações diferentes, os europeus e os nativos. Os europeus ao chegarem nas novas terras se depararam com os nativos, onde viram uma grande diferença de língua, costumes, religião, vestimentas e comidas. Os nativos que ali habitavam tinham características diferentes, cabelos corridos e raspado por cima da orelha, andavam estorquiados, utilizavam cabeleiras de penas de aves (que hoje conhecemos por coca) e para dormir eles utilizavam mantos e redes. Eles tinham um estilo diferente de vida .

Carta de Pero Vaz de Caminha.Era uma carta muito antiga, que narra o encontro de duas civilizações diferentes, os europeus e os nativos. Os europeus ao chegarem nas novas terras se depararam com os nativos, onde viram uma grande diferença de língua, costumes, religião, vestimentas e comidas. Os nativos que ali habitavam tinham características diferentes, cabelos corridos e raspado por cima da orelha, andavam estorquiados, utilizavam cabeleiras de penas de aves (que hoje conhecemos por coca) e para dormir eles utilizavam mantos e redes. Eles tinham um estilo diferente de vida .

A Carta de Caminha...

A novidade é sempre algo estranho perante nossos olhos. E a descrição da carta de Pero Vaz de Caminha, escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, não foi diferente. Nela encontramos os primeiros registros das terras brasileiras, além de sua árdua trajetória. É notório o espanto ao avistar a gama variedade de nossa fauna e flora, tal curiosidade fez com que houvesse um maior interesse, no entanto, o medo impediu de aguçar sua busca, deixando-os à deriva. Quando, enfim, chegaram ao território se depararam com nativos com costumes e cultura diferentes da sua, o que acarretou a uma certa discriminação e receio  por parte da tripulação, pela total falta de comunicação entre eles, além da diferença nos hábitos, onde notamos no seguinte fragmento: "[...]Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas[...]" . 

A carta de Pero Vaz de Caminha

No inicio de seu relato, ele desculpa-se com a Vossa Alteza, achando que suas palavras não seriam adequadas, mas mesmo assim iria fazer a descrição fiel sem tirar nem por.
Tal foi a surpresa daqueles portugueses ao chegarem em uma terra estranha e encontrar um povo que não os entendia e andavam nus.
Interessante é o trecho em que Pero diz: “A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem questão de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara”.
Admiraram-se ao ver que os índios usavam ossos metidos nos beiços e mesmo assim não possuíam nenhuma dificuldade no falar; enfeitavam-se com penas e tinturas; a beleza das índias, chegando a comparar sua beleza a das portuguesas.
Logo após a chegada dos portugueses os índios os recebiam com arcos flechas, porem com o tempo deixaram de usá-las, pois já haviam depositado confiança neles. Fizeram trocas de utensílios para que houvesse conhecimento da cultura de cada um.
Descrevi a beleza do Brasil, que até então, era chamada de Ilha de Vera Cruz, as suas infinitas águas; pedi ao rei que deixassem vir os clérigos para batizá-los, pois iriam ficar dois de sua tripulação para fornecer conhecimento de sua fé.

terça-feira, 1 de março de 2011

Carta de Pero Vaz de Caminha

No domingo de Páscoa o Capitão principal, mandou todos os outros capitães armar um pavilhão e dentro levantar um altar, a qual ocorreu uma missa onde o padre frei Henrique pregou uma uma solene pregação sobre a história evangélica e no fim da pregação falando sobre a nossa vida na terra, referindo a Cruz,sob cuja obediência viemos. Enquanto eles assistiram a missa ocorreria na praia outra tanta gente dançando e cantando.Acabada a pregação encaminhou o Capitão e os outros e foram para os batéis com a bandeira alta e embarcaram e foram todos para direção a terra para passar ao longo onde eles estavam.
    
     Dupla: Ana Beatriz Soares Mesquita e Maria Tereza Matos Ferreira
      Turma: 204- Turno: matutino

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

A Carta de Pero Vaz de Caminha

           Pero Vaz de Caminha prestou alguns serviços à coroa portuguesa. Em 1500 compôs a frota dirigida por Pedro Álvares Cabral na qualidade de escrivão. Coube a ele redigir sobre o que havia encontrado nas novas terras. Ao chegarem estabeleceram o primeiro contato com os nativos. Caminha fez uma análise desses povos, somente os pontos que o chamaram mais atenção como, a beleza, a nudez, e a inocência. Sentiu a necessidade de catequizá-los por julgar puros e prontos para receberem a fé católica.
          Foram realizadas duas missas, sendo que na segunda havia uma cruz de madeira que por ordem de Cabral, os portugueses teriam que ajoelhar e beijá-la para mostrar aos índios a dedicação e submissão com aquele ícone da religião católica. Ao partirem, deixaram além da cruz, mais dois homens condenados à morte com a missão de aprender as línguas e costumes daquela região.
          Pero Vaz de Caminha, encerra seu discurso fazendo um apelo pessoal ao rei para que ele intercedesse junto a seu genro que se encontrava preso na ilha de São Tomé.
          D. Manuel I, sabendo por meio da carta que não havia metais preciosos naquele território, de imediato decidiu não explorá-lo, pois o comércio com as Índias dava mais lucro para o estado absolutista.

Rafael e Welláine   2º Ano     Turno: matutino     Turma: 204

Carta de Pero Vaz de Caminha

Esta carta relata a chegada dos portugueses a uma nova terra ela foi escrita por Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal D. Manuel, ele escreveu os detalhes sobre o que tinha presenciado.
No primeiro contato que os portugueses fizeram com os nativos ouve trocas de ouro, prata e madeira, pois eles não entendiam a linguagem de ambos. Acho que foi daí que começou a aculturação dos índios pelos portugueses. Ele, Pero Vaz de Caminha se interessou com a beleza dos nativos e em particular com a beleza das mulheres, e o que mais chamou atenção na carta de mais engraçado foi à amostra de animais feita pelos portugueses. No final com a descoberta de ouro nessa terra mais lá em frente que ira começar a escravidão dos indígenas por causa das riquezas que essa terra oferece ouro, tintas, animais, terra fértil entre outras.
Luis Felipe de Jesus Amaral , John Claiton Sousa e Silva       sala: 205  matutino

A Carta de Pero Vaz de Caminha

      A Carta de Pero Vaz de Caminha é o primeiro documento escrito em terras brasileiras; é nesse documento que o escrivão da armada do Capitão-Mor Pedro Álvares Cabral descreve ao rei de Portugal o descobrimento da Terra de Vera Cruz que futuramente seria denominada de Brasil.
      Caminha possui todo o cuidado em ressaltar os momentos mais importantes e curiosos do caminho até as novas terras; primeiramente descreve a experiência e dedicação da tripulação em vários dias de viagens antes da chegada à Terra de Vera Cruz, vista em primeiro plano pelos seus grandes montes muito altos e redondos que logo foi chamado de Monte Pascoal e de outras serras encontrada ao sul com características naturais.

Alunos: Luiz Carlos e Matheus Augusto 2° Matutino Turma: 204.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Pero Vaz de Caminha: Parte 11

Os religiosos e os sacerdotes ficaram comungando, quando um homem de cinqüenta a cinqüenta e cinco anos ficou ali com os outros que lá permaneceram, ele acenou com o dedo para o altar e depois mostrou com o dedo para o céu, como se dissesse alguma coisa boa.
Ao terminar a missa o padre tirou a vestimenta de cima, e ficou na alva; e assim subiu ao altar, ficando em uma cadeira. Ali nos pregou o Evangelho e dos Apóstolos cujo é o dia.
Acabada a pregação, trazia Nicolau Coelho muitas cruzes de estanho, por isso o padre frei Henrique se assentou ao pé da cruz, e ali lançava a sua a todos um a um ao pescoço, atada em um fio, fazendo-lha primeiro beijar e levantar as mãos.
Pero Vaz de Caminha diz que parecia que as pessoas ali, não eram muito devotas.

Alunos: Eduardo, Carlos Gustavo e José Nilson     Tuma: 202

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Carta de Pero Vaz de Caminha


Pero Vaz em sua carta relata toda a trajetória de sua viajem, fala de detalhes sobre a nova terra, como eles chegaram até ali, a sua admiração com os habitantes, como foi sua primeira aproximação com eles etc.
Admira-se com tudo, pelo verde daquele local, os nativos por andarem nus e sua inocência, não houve muita aproximação com os nativos, por não saberem falar a mesma língua houve apenas trocas de objetos e de gestos. Depois de ter interpretado que havia ouro naquele local seu interesse pela nova terra aumentou mais ainda. Foram deixados dois homens para ficarem por lá e aprenderem tudo sobre as línguas e costumes da região que logo seria explorada. Pero Vaz termina sua carta com um apelo a seu genro que estaria preso na ilha de São Tomé.

Luciene Silva 2° matutino 204

Pero Vaz de Caminha-Resumo

Vemos que ao escrever a carta,Pero Vaz de Caminha,descreve em detalhes a terra encontrada,descreve os pontos que o admirou,fazendo assim com que o Rei de Portugal,com as características dadas,pudesse perceber o quanto a terra era formosa apesar de até aquele momento eles ainda não sabiam se havia ouro ou prata.
Apesar que após uma boa vista,olharam um "fruto" a ser retirado e salvo,ou seja,pessoas,contudo essa situação ficou a vontade do Rei,pois a decisão ser tomada seria dele pois todos estavam a sua disposição.
Ao fim da carta,ele faz um comentário de seu serviço e assim pede para que sua vontade seja acatada,pois tem muito gosto a seu serviço.
(Rafiza Najara e Ruanna Ramalho  2° matutino. 205)

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

A carta de Pero Vaz de Caminha

          Quando chegaram ficaram bem impressionados com a descoberta da nova terra,com alguns animais que nunca tinham visto antes e com os nativos. O capitão queria mandar a noticia à alteza, para que pudesse enviar mais navegantes  para novas explorações na terra e também queria levar a força dois nativos como ''amostra'' para a alteza,mas nenhum  dos navegantes concordou com a ideia,pelo contrário,queriam "amansar" os nativos,pois teriam mais serventia na própria terra  do que se fossem enviados a  portugal.
        Os navegantes seguiram armados e com a bandeira de seu país,mas antes que chegassem a seu devido destino se depararam com um grupo de nativos que acenou com arcos e flechas para irem embora,logo depois alguns navegantes juntaram-se com os nativos,mas outros receosos se afastaram.
(Lailla Letícia e Bruna Braga) 2° matutino. 205

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Pero Vaz de Caminha (Parte 11 de 12)RESUMO
Sarcedotes ficaram comungando (Dar a comunhão) e então um deles de mais ou menos 50 anos a 55, e ficou ali junto aos que estavam sentados e chamou mais pessoas e depois acenou com o dedo para o altar (de uma forma negativa) e apontou para o céu (de uma forma positiva).
Acabada a missa o padre pregou o evangelho e dos Apóstolos; segundo o autor (Pero Vaz de Caminha) as pessoas de lá não pareciam ser muito devotas, Ele também fala de uma mulher que ia a todas as missas e davam um pano para ela se cobrir, mas quando ela se sentava sua inocência era tamanha  que não cobria o resto de seu corpo.
Depois disso saíram e beijaram a cruz e deixou com dois marinheiros seus degredados, que saíram em um barco no qual nunca voltaram.

                            Alunos: SAMUEL DIAS LEMOS & NAYANDERSON turma :205

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A Carta, de Pero Vaz de Caminha



LITERATURA BRASILEIRA
Textos literários em meio eletrônico
A Carta, de Pero Vaz de Caminha

Edição de base:
Carta a El Rei D. Manuel, Dominus, São Paulo, 1963.
Senhor,
posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que -- para o bem contar e falar -- o saiba pior que todos fazer!
Todavia tome Vossa Alteza minha ignorância por boa vontade, a qual bem certo creia que, para aformosentar nem afear, aqui não há de pôr mais do que aquilo que vi e me pareceu.
Da marinhagem e das singraduras do caminho não darei aqui conta a Vossa Alteza -- porque o não saberei fazer -- e os pilotos devem ter este cuidado.
E portanto, Senhor, do que hei de falar começo:
E digo quê:
A partida de Belém foi -- como Vossa Alteza sabe, segunda-feira 9 de março. E sábado, 14 do dito mês, entre as 8 e 9 horas, nos achamos entre as Canárias, mais perto da Grande Canária. E ali andamos todo aquele dia em calma, à vista delas, obra de três a quatro léguas. E domingo, 22 do dito mês, às dez horas mais ou menos, houvemos vista das ilhas de Cabo Verde, a saber da ilha de São Nicolau, segundo o dito de Pero Escolar, piloto.
Na noite seguinte à segunda-feira amanheceu, se perdeu da frota Vasco de Ataíde com a sua nau, sem haver tempo forte ou contrário para poder ser !
Fez o capitão suas diligências para o achar, em umas e outras partes. Mas... não apareceu mais !
E assim seguimos nosso caminho, por este mar de longo, até que terça-feira das Oitavas de Páscoa, que foram 21 dias de abril, topamos alguns sinais de terra, estando da dita Ilha -- segundo os pilotos diziam, obra de 660 ou 670 léguas -- os quais eram muita quantidade de ervas compridas, a que os mareantes chamam botelho, e assim mesmo outras a que dão o nome de rabo-de-asno. E quarta-feira seguinte, pela manhã, topamos aves a que chamam furabuchos.
Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra A Terra de Vera Cruz!
Mandou lançar o prumo. Acharam vinte e cinco braças. E ao sol-posto umas seis léguas da terra, lançamos ancoras, em dezenove braças -- ancoragem limpa. Ali ficamo-nos toda aquela noite. E quinta-feira, pela manhã, fizemos vela e seguimos em direitura à terra, indo os navios pequenos diante -- por dezessete, dezesseis, quinze, catorze, doze, nove braças -- até meia légua da terra, onde todos lançamos ancoras, em frente da boca de um rio. E chegaríamos a esta ancoragem às dez horas, pouco mais ou menos.
E dali avistamos homens que andavam pela praia, uns sete ou oito, segundo disseram os navios pequenos que chegaram primeiro.
Então lançamos fora os batéis e esquifes. E logo vieram todos os capitães das naus a esta nau do Capitão-mor. E ali falaram. E o Capitão mandou em terra a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou a ir-se para lá, acudiram pela praia homens aos dois e aos três, de maneira que, quando o batel chegou à boca do rio, já lá estavam dezoito ou vinte.
Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas não pôde deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, por o mar quebrar na costa. Somente arremessou-lhe um barrete vermelho e uma carapuça de linho que levava na cabeça, e um sombreiro preto. E um deles lhe arremessou um sombreiro de penas de ave, compridas, com uma copazinha de penas vermelhas e pardas, como de papagaio. E outro lhe deu um ramal grande de continhas brancas, miúdas que querem parecer de aljôfar, as quais peças creio que o Capitão manda a Vossa Alteza. E com isto se volveu às naus por ser tarde e não poder haver deles mais fala, por causa do mar.
À noite seguinte ventou tanto sueste com chuvaceiros que fez caçar as naus. E especialmente a Capitanisol-postoa. E sexta pela manhã, às oito horas, pouco mais ou menos, por conselho dos pilotos, mandou o Capitão levantar ancoras e fazer vela. E fomos de longo da costa, com os batéis e esquifes amarrados na popa, em direção norte, para ver se achávamos alguma abrigada e bom pouso, onde nós ficássemos, para tomar água e lenha. Não por nos já minguar, mas por nos prevenirmos aqui. E quando fizemos vela estariam já na praia assentados perto do rio obra de sessenta ou setenta homens que se haviam juntado ali aos poucos. Fomos ao longo, e mandou o Capitão aos navios pequenos que fossem mais chegados à terra e, se achassem pouso seguro para as naus, que amainassem.
E velejando nós pela costa, na distância de dez léguas do sítio onde tínhamos levantado ferro, acharam os ditos navios pequenos um recife com um porto dentro, muito bom e muito seguro, com uma mui larga entrada. E meteram-se dentro e amainaram. E as naus foram-se chegando, atrás deles. E um pouco antes de sol-posto amainaram também, talvez a uma légua do recife, e ancoraram a onze braças.
E estando Afonso Lopez, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos, foi, por mandado do Capitão, por ser homem vivo e destro para isso, meter-se logo no esquife a sondar o porto dentro. E tomou dois daqueles homens da terra que estavam numa almadia: mancebos e de bons corpos. Um deles trazia um arco, e seis ou sete setas. E na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas não os aproveitou. Logo, já de noite, levou-os à Capitaina, onde foram recebidos com muito prazer e festa.
A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E trazem-no ali encaixado de sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem no comer e beber.
Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do que sobre-pente, de boa grandeza, rapados todavia por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte, na parte detrás, uma espécie de cabeleira, de penas de ave amarela, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena por pena, com uma confeição branda como, de maneira tal que a cabeleira era mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar.
O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata!
Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali.
Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele.
Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados.
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.
Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais.
Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora.
Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo.
Isto tomávamos nós nesse sentido, por assim o desejarmos! Mas se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não queríamos nós entender, por que lho não havíamos de dar! E depois tornou as contas a quem lhas dera. E então estiraram-se de costas na alcatifa, a dormir sem procurarem maneiras de encobrir suas vergonhas, as quais não eram fanadas; e as cabeleiras delas estavam bem rapadas e feitas.
O Capitão mandou pôr por baixo da cabeça de cada um seu coxim; e o da cabeleira esforçava-se por não a estragar. E deitaram um manto por cima deles; e consentindo, aconchegaram-se e adormeceram.
Sábado pela manhã mandou o Capitão fazer vela, fomos demandar a entrada, a qual era mui larga e tinha seis a sete braças de fundo. E entraram todas as naus dentro, e ancoraram em cinco ou seis braças -- ancoradouro que é tão grande e tão formoso de dentro, e tão seguro que podem ficar nele mais de duzentos navios e naus. E tanto que as naus foram distribuídas e ancoradas, vieram os capitães todos a esta nau do Capitão-mor. E daqui mandou o Capitão que Nicolau Coelho e Bartolomeu Dias fossem em terra e levassem aqueles dois homens, e os deixassem ir com seu arco e setas, aos quais mandou dar a cada um uma camisa nova e uma carapuça vermelha e um rosário de contas brancas de osso, que foram levando nos braços, e um cascavel e uma campainha. E mandou com eles, para lá ficar, um mancebo degredado, criado de dom João Telo, de nome Afonso Ribeiro, para lá andar com eles e saber de seu viver e maneiras. E a mim mandou que fosse com Nicolau Coelho. Fomos assim de frecha direitos à praia. Ali acudiram logo perto de duzentos homens, todos nus, com arcos e setas nas mãos. Aqueles que nós levamos acenaram-lhes que se afastassem e depusessem os arcos. E eles os depuseram. Mas não se afastaram muito. E mal tinham pousado seus arcos quando saíram os que nós levávamos, e o mancebo degredado com eles. E saídos não pararam mais; nem esperavam um pelo outro, mas antes corriam a quem mais correria. E passaram um rio que aí corre, de água doce, de muita água que lhes dava pela braga. E muitos outros com eles. E foram assim correndo para além do rio entre umas moitas de palmeiras onde estavam outros. E ali pararam. E naquilo tinha ido o degredado com um homem que, logo ao sair do batel, o agasalhou e levou até lá. Mas logo o tornaram a nós. E com ele vieram os outros que nós leváramos, os quais vinham já nus e sem carapuças.
E então se começaram de chegar muitos; e entravam pela beira do mar para os batéis, até que mais não podiam. E traziam cabaças d'água, e tomavam alguns barris que nós levávamos e enchiam-nos de água e traziam-nos aos batéis. Não que eles de todo chegassem a bordo do batel. Mas junto a ele, lançavam-nos da mão. E nós tomávamo-los. E pediam que lhes dessem alguma coisa.
Levava Nicolau Coelho cascavéis e manilhas. E a uns dava um cascavel, e a outros uma manilha, de maneira que com aquela encarna quase que nos queriam dar a mão. Davam-nos daqueles arcos e setas em troca de sombreiros e carapuças de linho, e de qualquer coisa que a gente lhes queria dar.
Dali se partiram os outros, dois mancebos, que não os vimos mais.
Dos que ali andavam, muitos -- quase a maior parte --traziam aqueles bicos de osso nos beiços.
E alguns, que andavam sem eles, traziam os beiços furados e nos buracos traziam uns espelhos de pau, que pareciam espelhos de borracha. E alguns deles traziam três daqueles bicos, a saber um no meio, e os dois nos cabos.
E andavam lá outros, quartejados de cores, a saber metade deles da sua própria cor, e metade de tintura preta, um tanto azulada; e outros quartejados d'escaques.
Ali andavam entre eles três ou quatro moças, bem novinhas e gentis, com cabelos muito pretos e compridos pelas costas; e suas vergonhas, tão altas e tão cerradinhas e tão limpas das cabeleiras que, de as nós muito bem olharmos, não se envergonhavam.
Ali por então não houve mais fala ou entendimento com eles, por a barbaria deles ser tamanha que se não entendia nem ouvia ninguém. Acenamos-lhes que se fossem. E assim o fizeram e passaram-se para além do rio. E saíram três ou quatro homens nossos dos batéis, e encheram não sei quantos barris d'água que nós levávamos. E tornamo-nos às naus. E quando assim vínhamos, acenaram-nos que voltássemos. Voltamos, e eles mandaram o degredado e não quiseram que ficasse lá com eles, o qual levava uma bacia pequena e duas ou três carapuças vermelhas para lá as dar ao senhor, se o lá houvesse. Não trataram de lhe tirar coisa alguma, antes mandaram-no com tudo. Mas então Bartolomeu Dias o fez outra vez tornar, que lhe desse aquilo. E ele tornou e deu aquilo, em vista de nós, a aquele que o da primeira agasalhara. E então veio-se, e nós levamo-lo.
Esse que o agasalhou era já de idade, e andava por galanteria, cheio de penas, pegadas pelo corpo, que parecia seteado como São Sebastião. Outros traziam carapuças de penas amarelas; e outros, de vermelhas; e outros de verdes. E uma daquelas moças era toda tingida de baixo a cima, daquela tintura e certo era tão bem feita e tão redonda, e sua vergonha tão graciosa que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhe tais feições envergonhara, por não terem as suas como ela. Nenhum deles era fanado, mas todos assim como nós.
E com isto nos tornamos, e eles foram-se.
À tarde saiu o Capitão-mor em seu batel com todos nós outros capitães das naus em seus batéis a folgar pela baía, perto da praia. Mas ninguém saiu em terra, por o Capitão o não querer, apesar de ninguém estar nela. Apenas saiu -- ele com todos nós -- em um ilhéu grande que está na baía, o qual, aquando baixamar, fica mui vazio. Com tudo está de todas as partes cercado de água, de sorte que ninguém lá pode ir, a não ser de barco ou a nado. Ali folgou ele, e todos nós, bem uma hora e meia. E pescaram lá, andando alguns marinheiros com um chinchorro; e mataram peixe miúdo, não muito. E depois volvemo-nos às naus, já bem noite.
Ao domingo de Pascoela pela manhã, determinou o Capitão ir ouvir missa e sermão naquele ilhéu. E mandou a todos os capitães que se arranjassem nos batéis e fossem com ele. E assim foi feito. Mandou armar um pavilhão naquele ilhéu, e dentro levantar um altar mui bem arranjado. E ali com todos nós outros fez dizer missa, a qual disse o padre frei Henrique, em voz entoada, e oficiada com aquela mesma voz pelos outros padres e sacerdotes que todos assistiram, a qual missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos com muito prazer e devoção.
Ali estava com o Capitão a bandeira de Cristo, com que saíra de Belém, a qual esteve sempre bem alta, da parte do Evangelho.
Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta; e nós todos lançados por essa areia. E pregou uma solene e proveitosa pregação, da história evangélica; e no fim tratou da nossa vida, e do achamento desta terra, referindo-se à Cruz, sob cuja obediência viemos, que veio muito a propósito, e fez muita devoção.
Enquanto assistimos à missa e ao sermão, estaria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos, como a de ontem, com seus arcos e setas, e andava folgando. E olhando-nos, sentaram. E depois de acabada a missa, quando nós sentados atendíamos a pregação, levantaram-se muitos deles e tangeram corno ou buzina e começaram a saltar e dançar um pedaço. E alguns deles se metiam em almadias -- duas ou três que lá tinham -- as quais não são feitas como as que eu vi; apenas são três traves, atadas juntas. E ali se metiam quatro ou cinco, ou esses que queriam, não se afastando quase nada da terra, só até onde podiam tomar pé.
Acabada a pregação encaminhou-se o Capitão, com todos nós, para os batéis, com nossa bandeira alta. Embarcamos e fomos indo todos em direção à terra para passarmos ao longo por onde eles estavam, indo na dianteira, por ordem do Capitão, Bartolomeu Dias em seu esquife, com um pau de uma almadia que lhes o mar levara, para o entregar a eles. E nós todos trás dele, a distância de um tiro de pedra.
Como viram o esquife de Bartolomeu Dias, chegaram-se logo todos à água, metendo-se nela até onde mais podiam. Acenaram-lhes que pousassem os arcos e muitos deles os iam logo pôr em terra; e outros não os punham.
Andava lá um que falava muito aos outros, que se afastassem. Mas não já que a mim me parecesse que lhe tinham respeito ou medo. Este que os assim andava afastando trazia seu arco e setas. Estava tinto de tintura vermelha pelos peitos e costas e pelos quadris, coxas e pernas até baixo, mas os vazios com a barriga e estômago eram de sua própria cor. E a tintura era tão vermelha que a água lha não comia nem desfazia. Antes, quando saía da água, era mais vermelho. Saiu um homem do esquife de Bartolomeu Dias e andava no meio deles, sem implicarem nada com ele, e muito menos ainda pensavam em fazer-lhe mal. Apenas lhe davam cabaças d'água; e acenavam aos do esquife que saíssem em terra. Com isto se volveu Bartolomeu Dias ao Capitão. E viemo-nos às naus, a comer, tangendo trombetas e gaitas, sem os mais constranger. E eles tornaram-se a sentar na praia, e assim por então ficaram.
Neste ilhéu, onde fomos ouvir missa e sermão, espraia muito a água e descobre muita areia e muito cascalho. Enquanto lá estávamos foram alguns buscar marisco e não no acharam. Mas acharam alguns camarões grossos e curtos, entre os quais vinha um muito grande e muito grosso; que em nenhum tempo o vi tamanho. Também acharam cascas de berbigões e de amêijoas, mas não toparam com nenhuma peça inteira. E depois de termos comido vieram logo todos os capitães a esta nau, por ordem do Capitão-mor, com os quais ele se aportou; e eu na companhia. E perguntou a todos se nos parecia bem mandar a nova do achamento desta terra a Vossa Alteza pelo navio dos mantimentos, para a melhor mandar descobrir e saber dela mais do que nós podíamos saber, por irmos na nossa viagem.
E entre muitas falas que sobre o caso se fizeram foi dito, por todos ou a maior parte, que seria muito bem. E nisto concordaram. E logo que a resolução foi tomada, perguntou mais, se seria bem tomar aqui por força um par destes homens para os mandar a Vossa Alteza, deixando aqui em lugar deles outros dois destes degredados.
E concordaram em que não era necessário tomar por força homens, porque costume era dos que assim à força levavam para alguma parte dizerem que há de tudo quanto lhes perguntam; e que melhor e muito melhor informação da terra dariam dois homens desses degredados que aqui deixássemos do que eles dariam se os levassem por ser gente que ninguém entende. Nem eles cedo aprenderiam a falar para o saberem tão bem dizer que muito melhor estoutros o não digam quando cá Vossa Alteza mandar.
E que portanto não cuidássemos de aqui por força tomar ninguém, nem fazer escândalo; mas sim, para os de todo amansar e apaziguar, unicamente de deixar aqui os dois degredados quando daqui partíssemos.
E assim ficou determinado por parecer melhor a todos.
Acabado isto, disse o Capitão que fôssemos nos batéis em terra. E ver-se-ia bem, quejando era o rio. Mas também para folgarmos.
Fomos todos nos batéis em terra, armados; e a bandeira conosco. Eles andavam ali na praia, à boca do rio, para onde nós íamos; e, antes que chegássemos, pelo ensino que dantes tinham, puseram todos os arcos, e acenaram que saíssemos. Mas, tanto que os batéis puseram as proas em terra, passaram-se logo todos além do rio, o qual não é mais ancho que um jogo de mancal. E tanto que desembarcamos, alguns dos nossos passaram logo o rio, e meteram-se entre eles. E alguns aguardavam; e outros se afastavam. Com tudo, a coisa era de maneira que todos andavam misturados. Eles davam desses arcos com suas setas por sombreiros e carapuças de linho, e por qualquer coisa que lhes davam. Passaram além tantos dos nossos e andaram assim misturados com eles, que eles se esquivavam, e afastavam-se; e iam alguns para cima, onde outros estavam. E então o Capitão fez que o tomassem ao colo dois homens e passou o rio, e fez tornar a todos. A gente que ali estava não seria mais que aquela do costume. Mas logo que o Capitão chamou todos para trás, alguns se chegaram a ele, não por o reconhecerem por Senhor, mas porque a gente, nossa, já passava para aquém do rio. Ali falavam e traziam muitos arcos e continhas, daquelas já ditas, e resgatavam-nas por qualquer coisa, de tal maneira que os nossos levavam dali para as naus muitos arcos, e setas e contas.
E então tornou-se o Capitão para aquém do rio. E logo acudiram muitos à beira dele.
Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.
Também andava lá outra mulher, nova, com um menino ou menina, atado com um pano aos peitos, de modo que não se lhe viam senão as perninhas. Mas nas pernas da mãe, e no resto, não havia pano algum.
Em seguida o Capitão foi subindo ao longo do rio, que corre rente à praia. E ali esperou por um velho que trazia na mão uma pá de almadia. Falou, enquanto o Capitão estava com ele, na presença de todos nós; mas ninguém o entendia, nem ele a nós, por mais coisas que a gente lhe perguntava com respeito a ouro, porque desejávamos saber se o havia na terra.
Trazia este velho o beiço tão furado que lhe cabia pelo buraco um grosso dedo polegar. E trazia metido no buraco uma pedra verde, de nenhum valor, que fechava por fora aquele buraco. E o Capitão lha fez tirar. E ele não sei que diabo falava e ia com ela para a boca do Capitão para lha meter. Estivemos rindo um pouco e dizendo chalaças sobre isso. E então enfadou-se o Capitão, e deixou-o. E um dos nossos deu-lhe pela pedra um sombreiro velho; não por ela valer alguma coisa, mas para amostra. E depois houve-a o Capitão, creio, para mandar com as outras coisas a Vossa Alteza.
Andamos por aí vendo o ribeiro, o qual é de muita água e muito boa. Ao longo dele há muitas palmeiras, não muito altas; e muito bons palmitos. Colhemos e comemos muitos deles.
Depois tornou-se o Capitão para baixo para a boca do rio, onde tínhamos desembarcado.
E além do rio andavam muitos deles dançando e folgando, uns diante os outros, sem se tomarem pelas mãos. E faziam-no bem. Passou-se então para a outra banda do rio Diogo Dias, que fora almoxarife de Sacavém, o qual é homem gracioso e de prazer. E levou consigo um gaiteiro nosso com sua gaita. E meteu-se a dançar com eles, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem fez ali muitas voltas ligeiras, andando no chão, e salto real, de que se eles espantavam e riam e folgavam muito. E conquanto com aquilo os segurou e afagou muito, tomavam logo uma esquiveza como de animais monteses, e foram-se para cima.
E então passou o rio o Capitão com todos nós, e fomos pela praia, de longo, ao passo que os batéis iam rentes à terra. E chegamos a uma grande lagoa de água doce que está perto da praia, porque toda aquela ribeira do mar é apaulada por cima e sai a água por muitos lugares.
E depois de passarmos o rio, foram uns sete ou oito deles meter-se entre os marinheiros que se recolhiam aos batéis. E levaram dali um tubarão que Bartolomeu Dias matou. E levavam-lho; e lançou-o na praia.
Bastará que até aqui, como quer que se lhes em alguma parte amansassem, logo de uma mão para outra se esquivavam, como pardais do cevadouro. Ninguém não lhes ousa falar de rijo para não se esquivarem mais. E tudo se passa como eles querem -- para os bem amansarmos !
Ao velho com quem o Capitão havia falado, deu-lhe uma carapuça vermelha. E com toda a conversa que com ele houve, e com a carapuça que lhe deu tanto que se despediu e começou a passar o rio, foi-se logo recatando. E não quis mais tornar do rio para aquém. Os outros dois o Capitão teve nas naus, aos quais deu o que já ficou dito, nunca mais aqui apareceram -- fatos de que deduzo que é gente bestial e de pouco saber, e por isso tão esquiva. Mas apesar de tudo isso andam bem curados, e muito limpos. E naquilo ainda mais me convenço que são como aves, ou alimárias montesinhas, as quais o ar faz melhores penas e melhor cabelo que às mansas, porque os seus corpos são tão limpos e tão gordos e tão formosos que não pode ser mais! E isto me faz presumir que não tem casas nem moradias em que se recolham; e o ar em que se criam os faz tais. Nós pelo menos não vimos até agora nenhumas casas, nem coisa que se pareça com elas.
Mandou o Capitão aquele degredado, Afonso Ribeiro, que se fosse outra vez com eles. E foi; e andou lá um bom pedaço, mas a tarde regressou, que o fizeram eles vir: e não o quiseram lá consentir. E deram-lhe arcos e setas; e não lhe tomaram nada do seu. Antes, disse ele, que lhe tomara um deles umas continhas amarelas que levava e fugia com elas, e ele se queixou e os outros foram logo após ele, e lhas tomaram e tornaram-lhas a dar; e então mandaram-no vir. Disse que não vira lá entre eles senão umas choupaninhas de rama verde e de feteiras muito grandes, como as de Entre-Douro-e-Minho. E assim nos tornamos às naus, já quase noite, a dormir.
Segunda-feira, depois de comer, saímos todos em terra a tomar água. Ali vieram então muitos; mas não tantos como as outras vezes. E traziam já muito poucos arcos. E estiveram um pouco afastados de nós; mas depois pouco a pouco misturaram-se conosco; e abraçavam-nos e folgavam; mas alguns deles se esquivavam logo. Ali davam alguns arcos por folhas de papel e por alguma carapucinha velha e por qualquer coisa. E de tal maneira se passou a coisa que bem vinte ou trinta pessoas das nossas se foram com eles para onde outros muitos deles estavam com moças e mulheres. E trouxeram de lá muitos arcos e barretes de penas de aves, uns verdes, outros amarelos, dos quais creio que o Capitão há de mandar uma amostra a Vossa Alteza.
E segundo diziam esses que lá tinham ido, brincaram com eles. Neste dia os vimos mais de perto e mais à nossa vontade, por andarmos quase todos misturados: uns andavam quartejados daquelas tinturas, outros de metades, outros de tanta feição como em pano de ras, e todos com os beiços furados, muitos com os ossos neles, e bastantes sem ossos. Alguns traziam uns ouriços verdes, de árvores, que na cor queriam parecer de castanheiras, embora fossem muito mais pequenos. E estavam cheios de uns grãos vermelhos, pequeninos que, esmagando-se entre os dedos, se desfaziam na tinta muito vermelha de que andavam tingidos. E quanto mais se molhavam, tanto mais vermelhos ficavam.
Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas.
Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos.
E o Capitão mandou aquele degredado Afonso Ribeiro e a outros dois degredados que fossem meter-se entre eles; e assim mesmo a Diogo Dias, por ser homem alegre, com que eles folgavam. E aos degredados ordenou que ficassem lá esta noite.
Foram-se lá todos; e andaram entre eles. E segundo depois diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as quais diziam que eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitaina. E eram de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoável altura; e todas de um só espaço, sem repartição alguma, tinham de dentro muitos esteios; e de esteio a esteio uma rede atada com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam. E de baixo, para se aquentarem, faziam seus fogos. E tinha cada casa duas portas pequenas, uma numa extremidade, e outra na oposta. E diziam que em cada casa se recolhiam trinta ou quarenta pessoas, e que assim os encontraram; e que lhes deram de comer dos alimentos que tinham, a saber muito inhame, e outras sementes que na terra dá, que eles comem. E como se fazia tarde fizeram-nos logo todos tornar; e não quiseram que lá ficasse nenhum. E ainda, segundo diziam, queriam vir com eles. Resgataram lá por cascavéis e outras coisinhas de pouco valor, que levavam, papagaios vermelhos, muito grandes e formosos, e dois verdes pequeninos, e carapuças de penas verdes, e um pano de penas de muitas cores, espécie de tecido assaz belo, segundo Vossa Alteza todas estas coisas verá, porque o Capitão vô-las há de mandar, segundo ele disse. E com isto vieram; e nós tornamo-nos às naus.
Terça-feira, depois de comer, fomos em terra, fazer lenha, e para lavar roupa. Estavam na praia, quando chegamos, uns sessenta ou setenta, sem arcos e sem nada. Tanto que chegamos, vieram logo para nós, sem se esquivarem. E depois acudiram muitos, que seriam bem duzentos, todos sem arcos. E misturaram-se todos tanto conosco que uns nos ajudavam a acarretar lenha e metê-las nos batéis. E lutavam com os nossos, e tomavam com prazer. E enquanto fazíamos a lenha, construíam dois carpinteiros uma grande cruz de um pau que se ontem para isso cortara. Muitos deles vinham ali estar com os carpinteiros. E creio que o faziam mais para verem a ferramenta de ferro com que a faziam do que para verem a cruz, porque eles não tem coisa que de ferro seja, e cortam sua madeira e paus com pedras feitas como cunhas, metidas em um pau entre duas talas, mui bem atadas e por tal maneira que andam fortes, porque lhas viram lá. Era já a conversação deles conosco tanta que quase nos estorvavam no que havíamos de fazer.
E o Capitão mandou a dois degredados e a Diogo Dias que fossem lá à aldeia e que de modo algum viessem a dormir às naus, ainda que os mandassem embora. E assim se foram.
Enquanto andávamos nessa mata a cortar lenha, atravessavam alguns papagaios essas árvores; verdes uns, e pardos, outros, grandes e pequenos, de sorte que me parece que haverá muitos nesta terra. Todavia os que vi não seriam mais que nove ou dez, quando muito. Outras aves não vimos então, a não ser algumas pombas-seixeiras, e pareceram-me maiores bastante do que as de Portugal. Vários diziam que viram rolas, mas eu não as vi. Todavia segundo os arvoredos são mui muitos e grandes, e de infinitas espécies, não duvido que por esse sertão haja muitas aves!
E cerca da noite nós volvemos para as naus com nossa lenha.
Eu creio, Senhor, que não dei ainda conta aqui a Vossa Alteza do feitio de seus arcos e setas. Os arcos são pretos e compridos, e as setas compridas; e os ferros delas são canas aparadas, conforme Vossa Alteza verá alguns que creio que o Capitão a Ela há de enviar.
Quarta-feira não fomos em terra, porque o Capitão andou todo o dia no navio dos mantimentos a despejá-lo e fazer levar às naus isso que cada um podia levar. Eles acudiram à praia, muitos, segundo das naus vimos. Seriam perto de trezentos, segundo Sancho de Tovar que para lá foi. Diogo Dias e Afonso Ribeiro, o degredado, aos quais o Capitão ontem ordenara que de toda maneira lá dormissem, tinham voltado já de noite, por eles não quererem que lá ficassem. E traziam papagaios verdes; e outras aves pretas, quase como pegas, com a diferença de terem o bico branco e rabos curtos. E quando Sancho de Tovar recolheu à nau, queriam vir com ele, alguns; mas ele não admitiu senão dois mancebos, bem dispostos e homens de prol. Mandou pensar e curá-los mui bem essa noite. E comeram toda a ração que lhes deram, e mandou dar-lhes cama de lençóis, segundo ele disse. E dormiram e folgaram aquela noite. E não houve mais este dia que para escrever seja.
Quinta-feira, derradeiro de abril, comemos logo, quase pela manhã, e fomos em terra por mais lenha e água. E em querendo o Capitão sair desta nau, chegou Sancho de Tovar com seus dois hóspedes. E por ele ainda não ter comido, puseram-lhe toalhas, e veio-lhe comida. E comeu. Os hóspedes, sentaram-no cada um em sua cadeira. E de tudo quanto lhes deram, comeram mui bem, especialmente lacão cozido frio, e arroz. Não lhes deram vinho por Sancho de Tovar dizer que o não bebiam bem.
Acabado o comer, metemo-nos todos no batel, e eles conosco. Deu um grumete a um deles uma armadura grande de porco montês, bem revolta. E logo que a tomou meteu-a no beiço; e porque se lhe não queria segurar, deram-lhe uma pouca de cera vermelha. E ele ajeitou-lhe seu adereço da parte de trás de sorte que segurasse, e meteu-a no beiço, assim revolta para cima; e ia tão contente com ela, como se tivesse uma grande jóia. E tanto que saímos em terra, foi-se logo com ela. E não tornou a aparecer lá.
Andariam na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e de aí a pouco começaram a vir. E parece-me que viriam este dia a praia quatrocentos ou quatrocentos e cinqüenta. Alguns deles traziam arcos e setas; e deram tudo em troca de carapuças e por qualquer coisa que lhes davam. Comiam conosco do que lhes dávamos, e alguns deles bebiam vinho, ao passo que outros o não podiam beber. Mas quer-me parecer que, se os acostumarem, o hão de beber de boa vontade! Andavam todos tão bem dispostos e tão bem feitos e galantes com suas pinturas que agradavam. Acarretavam dessa lenha quanta podiam, com mil boas vontades, e levavam-na aos batéis. E estavam já mais mansos e seguros entre nós do que nós estávamos entre eles.
Foi o Capitão com alguns de nós um pedaço por este arvoredo até um ribeiro grande, e de muita água, que ao nosso parecer é o mesmo que vem ter à praia, em que nós tomamos água. Ali descansamos um pedaço, bebendo e folgando, ao longo dele, entre esse arvoredo que é tanto e tamanho e tão basto e de tanta qualidade de folhagem que não se pode calcular. Há lá muitas palmeiras, de que colhemos muitos e bons palmitos.
Ao sairmos do batel, disse o Capitão que seria bom irmos em direitura à cruz que estava encostada a uma árvore, junto ao rio, a fim de ser colocada amanhã, sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para eles verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. E a esses dez ou doze que lá estavam, acenaram-lhes que fizessem o mesmo; e logo foram todos beijá-la.
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E portanto se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho que lhe quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o Ele nos para aqui trazer creio que não foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, pois tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim!
Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao viver do homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos.
Nesse dia, enquanto ali andavam, dançaram e bailaram sempre com os nossos, ao som de um tamboril nosso, como se fossem mais amigos nossos do que nós seus. Se lhes a gente acenava, se queriam vir às naus, aprontavam-se logo para isso, de modo tal, que se os convidáramos a todos, todos vieram. Porém não levamos esta noite às naus senão quatro ou cinco; a saber, o Capitão-mor, dois; e Simão de Miranda, um que já trazia por pajem; e Aires Gomes a outro, pajem também. Os que o Capitão trazia, era um deles um dos seus hóspedes que lhe haviam trazido a primeira vez quando aqui chegamos -- o qual veio hoje aqui vestido na sua camisa, e com ele um seu irmão; e foram esta noite mui bem agasalhados tanto de comida como de cama, de colchões e lençóis, para os mais amansar.
E hoje que é sexta-feira, primeiro dia de maio, pela manhã, saímos em terra com nossa bandeira; e fomos desembarcar acima do rio, contra o sul onde nos pareceu que seria melhor arvorar a cruz, para melhor ser vista. E ali marcou o Capitão o sítio onde haviam de fazer a cova para a fincar. E enquanto a iam abrindo, ele com todos nós outros fomos pela cruz, rio abaixo onde ela estava. E com os religiosos e sacerdotes que cantavam, à frente, fomos trazendo-a dali, a modo de procissão. Eram já aí quantidade deles, uns setenta ou oitenta; e quando nos assim viram chegar, alguns se foram meter debaixo dela, ajudar-nos. Passamos o rio, ao longo da praia; e fomos colocá-la onde havia de ficar, que será obra de dois tiros de besta do rio. Andando-se ali nisto, viriam bem cento cinqüenta, ou mais. Plantada a cruz, com as armas e a divisa de Vossa Alteza, que primeiro lhe haviam pregado, armaram altar ao pé dela. Ali disse missa o padre frei Henrique, a qual foi cantada e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco, a ela, perto de cinqüenta ou sessenta deles, assentados todos de joelho assim como nós. E quando se veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco, e alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao fim; e então tornaram-se a assentar, como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim como nós estávamos, com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados que certifico a Vossa Alteza que nos fez muita devoção.
Estiveram assim conosco até acabada a comunhão; e depois da comunhão, comungaram esses religiosos e sacerdotes; e o Capitão com alguns de nós outros. E alguns deles, por o Sol ser grande, levantaram-se enquanto estávamos comungando, e outros estiveram e ficaram. Um deles, homem de cinqüenta ou cinqüenta e cinco anos, se conservou ali com aqueles que ficaram. Esse, enquanto assim estávamos, juntava aqueles que ali tinham ficado, e ainda chamava outros. E andando assim entre eles, falando-lhes, acenou com o dedo para o altar, e depois mostrou com o dedo para o céu, como se lhes dissesse alguma coisa de bem; e nós assim o tomamos!
Acabada a missa, tirou o padre a vestimenta de cima, e ficou na alva; e assim se subiu, junto ao altar, em uma cadeira; e ali nos pregou o Evangelho e dos Apóstolos cujo é o dia, tratando no fim da pregação desse vosso prosseguimento tão santo e virtuoso, que nos causou mais devoção.
Esses que estiveram sempre à pregação estavam assim como nós olhando para ele. E aquele que digo, chamava alguns, que viessem ali. Alguns vinham e outros iam-se; e acabada a pregação, trazia Nicolau Coelho muitas cruzes de estanho com crucifixos, que lhe ficaram ainda da outra vinda. E houveram por bem que lançassem a cada um sua ao pescoço. Por essa causa se assentou o padre frei Henrique ao pé da cruz; e ali lançava a sua a todos -- um a um -- ao pescoço, atada em um fio, fazendo-lha primeiro beijar e levantar as mãos. Vinham a isso muitos; e lançavam-nas todas, que seriam obra de quarenta ou cinqüenta. E isto acabado -- era já bem uma hora depois do meio dia -- viemos às naus a comer, onde o Capitão trouxe consigo aquele mesmo que fez aos outros aquele gesto para o altar e para o céu, (e um seu irmão com ele). A aquele fez muita honra e deu-lhe uma camisa mourisca; e ao outro uma camisa destoutras.
E segundo o que a mim e a todos pareceu, esta gente, não lhes falece outra coisa para ser toda cristã, do que entenderem-nos, porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer como nós mesmos; por onde pareceu a todos que nenhuma idolatria nem adoração têm. E bem creio que, se Vossa Alteza aqui mandar quem entre eles mais devagar ande, que todos serão tornados e convertidos ao desejo de Vossa Alteza. E por isso, se alguém vier, não deixe logo de vir clérigo para os batizar; porque já então terão mais conhecimentos de nossa fé, pelos dois degredados que aqui entre eles ficam, os quais hoje também comungaram.
Entre todos estes que hoje vieram não veio mais que uma mulher, moça, a qual esteve sempre à missa, à qual deram um pano com que se cobrisse; e puseram-lho em volta dela. Todavia, ao sentar-se, não se lembrava de o estender muito para se cobrir. Assim, Senhor, a inocência desta gente é tal que a de Adão não seria maior -- com respeito ao pudor.
Ora veja Vossa Alteza quem em tal inocência vive se convertera, ou não, se lhe ensinarem o que pertence à sua salvação.
Acabado isto, fomos perante eles beijar a cruz. E despedimo-nos e fomos comer.
Creio, Senhor, que, com estes dois degredados que aqui ficam, ficarão mais dois grumetes, que esta noite se saíram em terra, desta nau, no esquife, fugidos, os quais não vieram mais. E cremos que ficarão aqui porque de manhã, prazendo a Deus fazemos nossa partida daqui.
Esta terra, Senhor, parece-me que, da ponta que mais contra o sul vimos, até à outra ponta que contra o norte vem, de que nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá nela bem vinte ou vinte e cinco léguas de costa. Traz ao longo do mar em algumas partes grandes barreiras, umas vermelhas, e outras brancas; e a terra de cima toda chã e muito cheia de grandes arvoredos. De ponta a ponta é toda praia... muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande; porque a estender olhos, não podíamos ver senão terra e arvoredos -- terra que nos parecia muito extensa.
Até agora não pudemos saber se há ouro ou prata nela, ou outra coisa de metal, ou ferro; nem lha vimos. Contudo a terra em si é de muito bons ares frescos e temperados como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo d'agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas; infinitas. Em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo; por causa das águas que tem!
Contudo, o melhor fruto que dela se pode tirar parece-me que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar. E que não houvesse mais do que ter Vossa Alteza aqui esta pousada para essa navegação de Calicute bastava. Quanto mais, disposição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto deseja, a saber, acrescentamento da nossa fé!
E desta maneira dou aqui a Vossa Alteza conta do que nesta Vossa terra vi. E se a um pouco alonguei, Ela me perdoe. Porque o desejo que tinha de Vos tudo dizer, mo fez pôr assim pelo miúdo.
E pois que, Senhor, é certo que tanto neste cargo que levo como em outra qualquer coisa que de Vosso serviço for, Vossa Alteza há de ser de mim muito bem servida, a Ela peço que, por me fazer singular mercê, mande vir da ilha de São Tomé a Jorge de Osório, meu genro -- o que d'Ela receberei em muita mercê.
Beijo as mãos de Vossa Alteza.
Deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz, hoje, sexta-feira, primeiro dia de maio de 1500.
Pero Vaz de Caminha.

 
 


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